quinta-feira, 28 de maio de 2009





Certa vez li um livro de um autor de quem sou fã, por grande influência do Pedro, o Larry Crabb, que se chama Conexão. Depois de pouco mais de sete anos engavetado, esta semana recuperei o encadernado e gostei de reler algumas partes destacadas, com marca-texto desbotado. O sentido daquelas palavras, no entanto, eram tão atuais que me despertaram o desejo de dividi-las aqui.

Pra começar este post, então, transcrevo um trecho da introdução:

“Escrevo para pessoas comuns, para todo aquele que compreende que não podemos fazer as coisas sozinhos, que não podemos ser tudo o que poderíamos ser sem o amor, a sabedoria e a opinião dos outros. Escrevo ao ser humano que deseja ardentemente escapar aos pesares da solidão, de uma existência sem sentido, e isso por meio da fértil conexão com pelo menos algumas outras pessoas; ao ser humano que, apesar de muito desejá-lo, não sabe como fazê-lo”.

Incrível porque hoje idéias parecidas – bem menos trabalhadas – me passaram muito pela cabeça. Divaguei sobre o quanto precisamos da aproximação, da sintonia de quem se faz amigo. Confesso que eu e Pedro não somos muito bons em “regar” as amizades. Tem gente – amigos nossos – que se esforçam bem mais para manter as ligações. Muitas vezes, até queremos – e muito – mas estamos mais para a categoria citada por Crabb dos que “apesar de muito desejá-lo, não sabe como fazê-lo”. È comum nos perdermos em meio a um turbilhão de compromissos e obrigações e deixar o tempo escapar pelos dedos sem que façamos de fato o que gostaríamos e cuidemos de quem adoraríamos.

Certa vez ouvi que “construir amizades é como construir pontes em meio ao deserto de egoísmos e individualismos”. Acrescento que cuidar das amizades é evitar a existência vazia, fugir de uma vida sem passado e do presente sem raízes.

Vejo a Duda fazer amizades que se estendem pelos seus longos três anos de vida escolar e que se tornam cada vez mais sólidas em uma liberdade pueril que só alimenta os sonhos e as possibilidades de construção de quem tem uma vida inteira pela frente, como um papel de carta perfumado, cor de rosa, e ainda vazio. E fico pensando em quantos desses amigos de hoje chegarão juntos à adolescência e à fase adulta.

Olho pra mim e penso em quantos amigos de ontem gostaria de ainda ter ao meu lado para acompanhar tantas coisas que vivo hoje.

Ok, pra variar estou muito saudosista... Mas é que nesta mesma quinta-feira, que já corre pra virar sexta, voltei a ter pertinho de mim uma grande amiga de infância-adolescência, que se mudou hoje para o meu bairro, e lembrei, ao falar pelo telefone, de outra grande amiga de juventude-idade adulta que se foi para bem longe. Duas pessoas completamente diferentes, que hoje ocupam lugares geograficamente tão distantes e que tanto significam na minha existência. Felicidade e tristeza; alegria do reencontro e dor da separação; sorriso estampado com um cantinho de lágrima em lábios vacilantes.

Sei lá, antes de dormir acho que vou fazer uma oração. Pedir a Deus pelas duas, que estão vivendo novidades muito gostosas, cada uma a seu estilo. Mas acho que vou pedir ainda com mais intensidade por mim. Para que ele me ajude a ser capaz de construir pontes sobre separações e me permita viver conexões vivificantes. Vou dormir em paz.

sábado, 23 de maio de 2009

Sei não...





Tenho andando meio distante daqui. Por falta de tempo e excesso de idéias. Vez ou outra vou fazer alguma matéria, principalmente de temas sociais, e penso em um monte de coisas que gostaria de escrever. Volto pra redação, depois pra casa e... elas já não me parecem tão importantes. Penso, então: “Talvez fosse só o calor do momento. Ou sensações que fizeram sentido porque a imagem e o cheiro lhes serviam como moldura perfeita. Dissociados já não são a mesma coisa”.

Enfim... um assunto, no entanto, que me tem sido recorrente nos últimos tempos e que mais uma vez me veio à tona ao ler um post tratando de algo parecido no blog de uma amiga despertou-me a vontade de voltar. “Ser feliz é uma escolha”, dizia ela. Parece óbvio? E é. O problema é que nem sempre a gente consegue escolher o que quer.

Há algum tempo eu e Pedro conversamos muito sobre as ironias da vida. Gente que não sabe de nada, mas que por achar que sabe muito acaba sabendo mesmo; gente que finge ser algo e de tanto fingir... acaba sendo mesmo; gente que queria ter determinada característica e de tanto agir como se tivesse... acaba tendo mesmo. Sei lá. Estranho pensar que tudo – ou quase tudo – é um processo de construção dentro e fora de nós. Por um lado, parece um pouco injusto. Alguém que não era usou de um artifício desleal – na medida em que enganou a todos fingindo ser – e acabou se tornando. Mas por outro, pode trazer alento, afinal pode significar que nós também não estamos fadados a continuar eternamente sendo algo que não queremos ser. Talvez com certa dificuldade, mas é possível nos tornarmos pessoas melhores – as que gostaríamos de ser (ou pelo menos chegar bem perto disso).

Confesso que depois de reclamar muito e brigar com essa realidade, decidi me apegar à segunda idéia. Acho que isso faz parte do tornar-se adulto. Perceber que as coisas não acontecem naturalmente, que é preciso inventar e reinventar novos eus a cada dia, a cada papel, a cada cenário e não ter preguiça de ser quem queremos ser. Não é coisa pouca.

Ao final, a lição que escolhi tirar de toda essa inquietação é a percepção de que o dia-após-dia de todos nós pode ganhar fôlegos vez por outra: novas oportunidades de auto-conhecimento; novas possibilidades de recomeço; novas chances de experimentar a felicidade. O duro é pensar que a vida passa tão depressa que se a gente demora a perceber como é importante ser feliz a cada dia... pode não restar muito tempo. Então, é hora de colocar a mão na massa: o importante é escolher a felicidade no meio do caminho e não esperar o apito final. Se não, corremos o risco de passar a vida com a cabeça voltada para o nosso próprio umbigo, tentando descobrir quem de fato somos para entender como funcionamos, e cairmos em uma prisão subjetiva como alguém que mergulha, temeroso, em um baú escuro. Decidi que se for pra mergulhar, quero que seja de cabeça e numa caixinha de surpresas! Colorida, perfumada e, de preferência, com uma excelente trilha sonora, que música sempre faz bem à alma!