segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Por um...




Hoje não quero comentar nada. Estou de luto. Posto apenas a imagem que vou guardar dessas eleições, antes de saber do seu resultado...

* Foto de Wilson Dias/Agência Brasil.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Alface com suco de limão

Hoje é sexta-feira, mas eu acordei triste. Primeiro porque minha voz continua ruim – hoje particularmente pior – e domingo preciso estar com ela “aceitável” para cobrir as eleições. Mas o segundo motivo que me tira o sorriso dos lábios nessa tão esperada véspera de fim de semana é abrir o jornal logo cedo e ver que as mentiras e as alianças inacreditáveis continuam tomando conta da campanha de Paes e sua turma.

O Globo de hoje traz a notícia de que Jandira (PC do B) – quem diria – e Dornelles (PP – socorro!!! ) dividiram o palanque da campanha do candidato do... AGORA PMDBista. Ok, os menos sensíveis dirão: mas todo mundo faz alianças para ganhar voto, se não é impossível vencer nas urnas. Mais ou menos convincente. O maior problema mesmo é que essa mesma turma critica Gabeira por fazer algo que eles julgam semelhante: Gabeira aceitar o apoio de Cesar Maia, o que eu acredito ter sido apenas de olho nos seus eleitores.

A diferença é que todo mundo sabe que ideologicamente Gabeira não compartilha das mesmas diretrizes de Maia; historicamente, Gabeira não empilha as mesmas experiências que o prefeito; e não se comprometeu a dar-lhe cargos em sua gestão. Ou seja: “se quiser me apoiar, beleza, afinal preciso reunir mais eleitores para ganhar o segundo turno”, deve ter dito. E Cesar, que não poderia apoiar Paes graças às suas desavenças com seu padrinho Cabral e diante dos inúmeros ataques que sofreu do próprio “Duda”, manifestou-se a favor de seu adversário (o que ele provavelmente faria qualquer que fosse o opositor).

Neste ponto vale ressaltar dois fatos: chutar cachorro morto é fácil, ou seja, Paes não se torna nenhum mártir por atacar Cesar Maia a esta altura. Isso, qualquer um de nós faz enquanto toma café no bar da esquina. O seu berço político, exatamente ao lado de Maia, é o que ele renega diariamente. Virou-se com mais vigor contra o prefeito quando se associou a Cabral. Traidor? Entenda como quiser.

Outro ponto que não posso deixar passar aqui é que essa aliança com Cabral começou logo que o governador lhe derrotou nas eleições para o cargo. À época, sua ladainha era a mesma: acusava Cabral de ser o “candidato da continuidade”, que ele, por ser do mesmo partido de Garotinho, manteria o mesmo sistema de liderança do então governador. Ou seja, parece mesmo que ele acredita na fórmula de se apresentar como o candidato da mudança. O que de um certo modo ele não deixa de ser: mudança de lado, mudança de ideologia, mudança de cara, mudança de alianças, mudança de discurso. Enfim, depois de muito criticar Cabral, percebeu que ganharia mais se ao seu lado permanecesse, afinal tenho que dar a mão à palmatória: ele –Cabral – é bom. Tem uma excelente capacidade de articulação, boa visão política, bom discurso, sabe falar com a imprensa como ninguém, merece aplausos. E Paes percebeu que dali a alguns anos poderia faturar mais sendo seu aliado e pegando carona na competência do novo governador. O resultado aí está.

Já que gostei mais de falar do governador do que do postulante à prefeitura, dedico, então, algumas linhas a comentar outra notícia que o jornal traz hoje sobre seu discurso ontem. Diz a manchete “Cabral inaugura UPA com ataques a Gabeira”. Bem, o fato é que durante o evento o governador tentou atrair mais votos a seu candidato. Uso da máquina do estado? Quem vai dizer... Enfim, usou o momento para criticar Gabeira, atribuindo-lhe a responsabilidade por tentar “impedir que a população tenha atendimento de saúde de qualidade”. Como eles vêm fazendo de modo mais enfático nesse segundo turno, Cabral também tenta “colar” acusações inverídicas em Gabeira. Como pode, governador??? Gabeira não teve nada a ver com isso. Quem entendeu essa iniciativa como “eleitoreira” foi o Tribunal Regional Eleitoral, que proibiu a inauguração de novas UPAs até domingo. Assim é jogo baixo, tentar enganar a população dizendo que Gabeira fez algo que definitivamente não fez. Coisa feia...

Bem, fico por aqui, indignada com essa campanha cheia de ataques inverídicos. Termino esse post reforçando um trecho que publiquei anteriormente. Para atacar o adversário é preciso ter competência: inventar uma mentira que pareça verdade e que ninguém descubra tão facilmente que se trata de uma fraude ou criticá-lo por características ou ações verdadeiramente criticáveis. Inventar coisa que todo mundo sabe que não é real pega mal. Muito mal.

Só para terminar, agora de fato: hoje tem debate, às 22h, na Globo. Assistirei comendo alface com suco de limão.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Brevíssima resposta à resposta do Pedro





Acho bom podermos questionar tudo com a liberdade de quem não se pretende sábio. Melhor ainda é poder reter só o que é bom (alguém já disse isso). Ainda melhor é encontrar alicerces que se sustentam ao longo da história simplesmente porque são base dA Verdade. Verdade também é que tudo pode mudar, tudo pode passar, deixar de existir na medida em que a humanidade caminha, mas existem elementos que vão fazer sentido prá lá de nossa existência. Que transcendem nossa tola vontade de entender o mundo através de tanta desconstrução.

Maravilhoso saber que essa Verdade é a que constrói o antes, o agora e, principalmente o depois. Conforto traz à alma saber que dEla emanam verdades absolutas ainda que muitas vezes se confrontem com os erros de visão que temos hoje acreditando serem "liberdades de escolha". Essas liberdades talvez não sejam tão libertárias como muitos pretendem.

Elas já eram previstas e se faziam reais há séculos. Como também disse alguém: nada de novo se faz. Tudo é repetição. A única coisa que de fato é capaz de trazer novidade com repercussão eterna é A Verdade. Essa nunca vai deixar de existir. Ainda bem que tô do lado dela. A outra verdade em que acredito é: te amo e morro de orgulho de vc.


* Resposta dada a um post do blog do Pedro Leitão. Visite: http://eupedroeu.blogspot.com/

Tecnicamente (in)correto



Falta menos de uma semana. Isso me faz feliz por dois motivos: o primeiro, e não mais importante, é que acaba a maratona de cobertura lá na rádio/agência. Até torci para que em todo o estado os prefeitáveis definissem suas vitórias em apenas um turno. Pois bem, além da capital, Campos (depois de toda aquela confusão) e Petrópolis terão um segundo pleito, mais um dia de ir às urnas para depositarmos votos e esperanças (ou desesperanças). Aliás, desde pequena nunca entendi muito bem como um direito poderia ser obrigatório. Pra mim obrigação sempre - ou quase sempre - foi motivo de coisa chata, que se pudesse ninguém faria... enfim isso é assunto pra outro post.

Dessa forma, no próximo fim de semana vou acompanhar o desenrolar do caso petropolitano, que também guarda suas mazelas, inclusive com candidato se tornando inelegível às vésperas da eleição e conseguindo reconquistar o direito ainda mais às vésperas. Acusações verdadeiras ou não, a história parece no mínimo pitoresca.

Embora esteja triste porque não vou poder contribuir para a escolha do novo prefeito do Rio (cresci um pouco e já não acho a obrigação tão ruim assim), o segundo motivo pelo qual me alegro é o fato de não mais ter que ouvir os argumentos “arrumadinhos” e calculados de Eduardo Paes. Confesso que há alguns anos até lhe dei algum crédito. Moradora do mesmo bairro que ele, lembro-me de vê-lo ainda com cara de – mais - moleque distribuindo santinhos nas festas juninas do Novo Leblon. Achei legal e fiquei acompanhando um pouco sua trajetória na política. Mas foi difícil. Primeiro porque PFL (sim, PFL, não adianta mudar de nome pra enganar trouxa. DEM é PFL) não dá para engolir. Depois, o difícil foi acompanhar o seu paradeiro. Pulando de galho em galho (tudo bem isso não é incomum na política brasileira, em que poucos têm alguma mínima fidelidade a qualquer ideal partidário), trocando de “ideologia” sem qualquer pudor, defendendo quem outrora atacara veementemente.

A atual campanha foi a gota d´água. Já me assustei quando vi em sua campanha na TV gente – jornalistas – que trabalham na equipe de mídia do Cabral. Pensei: “tá mesmo colado no governador”. Depois, todos os seus discursos me soavam um pouco estudados demais. Nada de errado em “estudar” o que se quer dizer, o problema é quando essa dedicação se limita à forma em detrimento do conteúdo e do significado real que ela carrega. Implicância? Talvez. Mas os fatos que se seguiram não deixaram dúvida: que pessoa é essa que às vésperas das eleições, ao perceber que as pesquisas já não lhe são tão favoráveis, resolve entregar uma carta de socorro ao presidente, clamando por seu apoio – ainda que não muito verdadeiro – e não encara ou assume todas as críticas vorazes que fez contra Lula e sua família? Que pessoa é essa que estuda os "deslizes" de seu adversário para recheá-los de uma maldade que definitivamente não encontra correspondência no alvo que ele tanto deseja atingir? Que pessoa é essa que continua, incansavelmente e repetitivamente, dizendo que Gabeira disse e fez e afirmou e é etc. coisas que qualquer analista político de esquina perceberia que são acusações que “não vão colar”. Para atacar um opositor é preciso ter talento: criar uma farsa muito bem feita, capaz, de fato, de enganar a população ou utilizar atributos e características reais verdadeiramente criticáveis. Inventar histórias mal contadas (Gabeira e Cesar Maia são aliados, Gabeira é garoto da zona sul e turista na cidade etc. etc.) e repeti-las até cansar os ouvidos do eleitor não lhe trará votos. E parece que ele já está percebendo isso. Se não, torço para que saiba daqui a pouco mais de uma semana.

Qualquer que seja o resultado estarei por cima de tudo isso. No alto da Serra, em Petrópolis. Duro vai ser ter que voltar, sem folga, à realidade no dia seguinte. Tomara que a próxima segunda-feira seja "dia de verde".

sábado, 18 de outubro de 2008

Se não vos tornardes como criança...




Há alguns dias fomos surpreendidos por uma triste notícia. “A Dalice morreu”, disse meu pai ao telefone. Havia pouco mais de uma semana, ele e minha mãe se revezavam no hospital em que ela estava internada para dar-lhe apoio.

Um câncer corroeu parte de seus órgãos e causou-lhe a morte. Rápida e definitiva.

Dalice não era nada nossa, mas era como se fosse. Nos tratava e era tratada com muito carinho. Trabalhava na casa dos meus avós desde antes de eu nascer e nos últimos anos virou quase uma filha para a minha mãe, que lhe “adotou” como todo o amor. Me viu crescer, entrar para a faculdade, namorar, casar e ter minha filha. E foi ela, a Duda, último membro da família que conheceu a Dalice, que me fez refletir.

Aos três anos, a – tão temida – morte não lhe causou espanto. Como a “bisa” dela morreu um mês após seu nascimento, sempre falamos muito no assunto, explicando que morrer significa ir morar com Papai do Céu, que preparou um lugar muito gostoso e feliz para todos os seus filhos.

Dessa forma, quando nos entristecemos no canto de sombra da sala de estar, ao receber a notícia, Duda perguntou o porquê das lágrimas. Eu, tola, comecei a explicar que nunca mais veríamos a tia Dadá; que ela não voltaria mais. Cheia de explicações, concluí: a tia Dada morreu.

Com a simplicidade da qual nos fala a Bíblia sobre o coração de uma criança, a minha respondeu:

“Eu sei, ela foi morar com Papai do Céu. Agora, vamos para casa”.

Emocionada, obedeci, afinal, era o primeiro dia de férias da Duda e ela me esperava, ansiosa, chegar do trabalho para brincar no parquinho.

Orei, então, para que Deus me ajudasse a entender e a fazer entender de forma tão simples e linda que a morte não precisa ser somente dor e separação, mas um momento também de alegria no céu. Graças ao sacrifício de Cristo na cruz, somos alcançados por seu amor e temos a esperança de uma nova vida ao lado dEle.

Quando for a minha vez, também quero que digam:

“Ela morreu. Foi morar com Papai do Céu. Para sempre”.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Marcas no sofá




“Quando ela ia à minha casa na infância, aos domingos, ela almoçava. E quando ia embora dava uma saudade, daí, eu ficava cheirando o sofá, pq onde ela sentava ficava o perfume”.

Lá se vão três anos e qualquer coisa. Parece muito quando penso que esse é o tempo de vida da Duda. Aliás, já nem posso mais chamá-la de bebê que levo uma tremenda bronca. Ao mesmo tempo, parece um piscar de olhos quando penso nela, que só esperou a Duda chegar para ir embora. De vez.

Hoje, recebi esse recado de uma tia, sobrinha da minha avó, com quem, por conta da distância somada a outros fatores, nunca tive muito contato, embora tenha um grande carinho por ela. Fiquei pensando em quanta coisa Dona Lindinalva viveu antes de eu existir. Ou quantas outras ela também viveu independente de mim. Esse relato parece ter trazido a imagem dela à vida outra vez. Fique pensando nas marcas que ela deixou em tantas pessoas. Carinho, cuidado, amizade, preocupação.

Hoje, ela não está aqui para ouvir isso. Talvez nunca tenha percebido como sua presença fazia bem àquela criança; o quanto seu cheirinho deixava um rastro de boa lembrança. Quando penso na minha vida fico me questionando se também sou – e serei – capaz de cativar as pessoas. Ando sempre tão ocupada em dar conta de tantas responsabilidades que costumam se multiplicar num piscar de olhos, que aos amigos, não raro, acabam sobrando as migalhas. Migalhas de um sorriso cansado; migalhas de um conselho displicente; migalhas de um telefonema de feliz aniversário que quase passou da hora; migalhas de um café tomado às pressas só para não deixar a amizade esfriar tanto; migalhas de uma pessoa que vive tentando juntar um monte de cacos. Sem se cortar, de preferência. Afinal, a esta altura da vida, a cicatrização já não é tão imediata e a carne, muitas vezes, não volta ao que era. Nunca mais. Ainda bem. Talvez.

Tomara que as marcas que deixe não sejam dolorosas como as de sangue pingado, mas delicadas e sutis como um cheirinho gostoso no sofá.